A nutrição desempenha um importante papel no controle do diabetes, especialmente no caso do diabetes tipo 1, no qual o controle glicêmico adequado depende de complexa interação entre dose de insulina, ingestão alimentar e prática de exercícios físicos.
O nutriente que mais afeta a glicemia sanguínea (nível de açúcar no sangue) é o carboidrato, pois 100% de seu consumo vira açúcar entre 15 minutos e duas horas. Quando você entende como contar carboidratos, tem maior variedade na escolha dos alimentos que compõem seu plano alimentar e pode controlar sua glicemia mais precisamente.
Neste texto, vamos explicar um pouco mais sobre a contagem de carboidratos e como utilizar cada grupo alimentar da forma certa.
O que é a contagem de carboidratos?
Há mais de 25 anos, a estratégia de contagem de carboidratos é recomendada pelas Sociedades Científicas no
Brasil e no mundo – em especial, para o tratamento do diabetes tipo 1.
Com o objetivo de promover uma alimentação saudável, a contagem de carboidratos é baseada na utilização de todos os grupos de alimentos e na relação entre a quantidade adequada do alimento e sua associação com o tratamento medicamentoso.
É importante que seja um trabalho orientado por um profissional, que respeitará a individualização do plano alimentar, de acordo com as necessidades nutricionais do indivíduo.
Principais métodos de contagem
- Contagem de carboidratos por substituição ou lista de equivalentes
Neste método, os alimentos são agrupados de forma que cada equivalente ou substituição corresponda a 15 gramas de carboidrato. O conteúdo de carboidratos da porção a ser ingerida pode variar de 8 g. a 22g. Os alimentos também são agrupados de acordo com a função nutricional que exercem, e geralmente são estimuladas trocas entre alimentos do mesmo grupo.
- Contagem de carboidratos pelo método gramas
Esse tipo de contagem consiste em somar os gramas de carboidratos de
cada alimento ingerido (obtendo-se informações em tabelas e rótulos
dos alimentos) e ajustar a dose de insulina rápida ou ultrarrápida de
acordo com o consumo de carboidratos (em gramas). É importante lembrar
que o peso do alimento (em gramas) é diferente da quantidade de
carboidratos (também em gramas) contida nele.
Alimentação no tratamento do diabetes
O consumo de calorias, proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas
e minerais é necessário para o bom funcionamento do organismo e sua
quantidade varia de pessoa para pessoa. Por isso, é fundamental que a
ingestão de cada nutriente seja baseada na avaliação nutricional,
perfil metabólico, peso e objetivos do tratamento.
Carboidratos
Os carboidratos desempenham uma série de funções importantes, como fornecer energia ao organismo, especialmente ao sistema nervoso central, cuja única fonte energética é a glicose. Apesar de essenciais, são os nutrientes que mais afetam a glicemia (nível de açúcar no sangue), pois 100% deles são convertidos em glicose, em um tempo que varia de 15 minutos a 2 horas.
Os carboidratos devem representar de 35% a 60% do valor calórico total do plano alimentar e podem ser classificados como carboidratos simples (glicose, sacarose, frutose e lactose) ou carboidratos complexos (amido, pães, bolos, etc.). Ambos interferem do mesmo modo na glicemia (nível de açúcar no sangue), diferindo apenas no tempo de absorção.
Fibras
Assim como para a população em geral, pessoas com diabetes devem ser
encorajadas a escolher uma variedade de alimentos que contêm fibras,
tais como grãos integrais, frutas e vegetais.
A ADA (American Diabetes Association) recomenda a ingestão de 20 a 35 g de fibras/dia e evidências científicas demonstram que o consumo de fibras viscosas (solúveis) reduz as taxas de esvaziamento gástrico e de digestão e absorção de glicose, com benefícios a curto e médio prazo no controle glicêmico (nível de açúcar no sangue), e também apresentam efeitos benéficos no metabolismo dos lipídeos. Já as fibras não viscosas (insolúveis) não agem diretamente nesse quesito, porém podem contribuir para a saciedade e controle de peso, além de preservar a saúde intestinal.
Proteínas
As proteínas são indispensáveis ao corpo humano, pois são
fornecedoras dos aminoácidos, que servem de material construtor e
renovador, isto é, são responsáveis pelo crescimento e pela manutenção
do organismo.
Suas fontes mais ricas são carnes de todos os tipos, ovos, leite e queijo, enquanto leguminosas são as melhores fontes de proteína vegetal.
Devem representar aproximadamente 15% a 20% do valor calórico total e seu tempo de absorção varia de 3 a 4 horas, e cerca de 35% a 60% da quantidade ingerida é convertida em glicose.
Gorduras (lipídios)
São importantes carreadores de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) e fontes de ácidos graxos essenciais.
A recomendação de ingestão diária de gorduras é de 25% a 30% do valor calórico total, preferencialmente proveniente de alimentos vegetais e/ou de seus respectivos óleos, lembrando que, por serem ricos em calorias, devem ser consumidos moderadamente.
O tempo de absorção das gorduras é de aproximadamente
5 horas, e cerca de 10% da quantidade ingerida é convertida em açúcar.
É permitido o consumo de açúcares e doces?
Sim, desde que o total de carboidratos fornecidos por eles seja
contabilizado dentro de uma proposta de alimentação saudável (até 10%
das calorias totais do dia).
É importante lembrar que, em geral, doces e açúcares não possuem fibras, vitaminas e minerais e, além disso, mesmo que em pequenas porções, contém muitas calorias, podendo colaborar com o ganho de peso.
Diet e light
Muitas pessoas acreditam que diabéticos devam utilizar somente
produtos dietéticos, mas é importante analisar se todos são realmente
indicados, até porque nem todos os alimentos diet são sem
açúcar.
O termo diet significa que o produto é isento de um determinado nutriente, que geralmente é substituído por outro (exemplo: chocolate diet – açúcar substituído por adoçante).
Nem todos os alimentos diet apresentam redução da quantidade de calorias.
Já o termo light significa que o alimento apresenta redução mínima de 25% de um determinado nutriente e/ou de calorias quando comparado ao produto convencional. A redução de calorias pode vir da diminuição no teor de qualquer nutriente (carboidrato, gordura ou proteína).
Adoçantes
Há fortes evidências de que os adoçantes artificiais são seguros para pessoas com diabetes, desde que consumidos nos níveis estabelecidos. Como recomendação geral, a FDA (Food and Drug Administration) recomenda que o consumo diário de adoçantes seja de 4 a 6 pacotinhos de 1 grama, se for em pó, e de 9 a 10 gotas para os líquidos.
Como usar os rótulos dos alimentos
As informações nos rótulos dos produtos podem ajudar você na escolha
dos alimentos. A regulamentação de rotulagem de alimentos mudou em
outubro de 2020, e agora os alimentos precisam ter a tabela
nutricional com duas colunas: uma de 100 g/ 100 mL (para facilitar a
comparação entre produtos), e uma por porção.
Para a contagem de carboidratos, basta observar o tamanho da porção sugerida no rótulo e fazer o cálculo da quantidade de carboidratos ingerida.
REFERÊNCIAS
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Sparapani, Valéria de Cássia | Borges, Ana Luiza Vilela | Dantas, Isa Ribeiro de Oliveira | Pan, Raquel | Nascimento, Lucila Castanheira. A criança com Diabetes Mellitus Tipo 1 e seus amigos: a influência dessa interação no manejo da doença (2012/Jan-Fev). Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rlae/v20n1/pt_16.pdf Acesso em: 11 de Nov de 2020.
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